Se nos perguntarmos honestamente se apreciamos esta vida como um presente e expressamos o mais completamente possível o que temos a oferecer, muitos de nós sentiremos estar aquém de nosso potencial. Em geral, quanto mais velhos ficamos, mais nos concentramos em oportunidades perdidas ou em arrependimentos. À medida que envelhecemos e nos adaptamos às exigências do dia a dia, dizemos a nós mesmos que é natural que nosso fogo criativo diminua e que a energia para inovar e efetuar mudanças fique para os jovens e entusiastas. A verdade é que podemos temer a mudança em qualquer idade e, como resultado disso, comprometemos grande parte de nossa energia para nos sentirmos seguros e confortáveis em vez de irmos além de nossas tendências habituais e descobrirmos a abertura. No entanto, reconhecer a abertura de nosso ser é o primeiro passo essencial do processo criativo.
Como podemos lidar com a necessidade de nos sentirmos seguros sem desligarmos nossa capacidade de buscar, explorar e descobrir o poder da abertura? Qualquer jornada criativa começa com uma tela aberta, uma tela vazia, uma folha de papel em branco, com o silêncio, com um momento sem forma. Dessa maneira, a questão passa a ser: qual é seu relacionamento com esse momento sem forma? Você sente medo ou incerteza? De acordo com os ensinamentos, a experiência de abertura, quando reconhecida, é a fonte, a mãe que dá à luz tudo o que surge.
É fácil desfrutar da experiência espaçosa de olhar para o horizonte quando estamos perto do oceano ou de parar para admirar a vista panorâmica da estrada quando estamos em uma viagem. Mas como nos sentimos quando nos deparamos com o silêncio no meio de uma conversa com um amigo ou ao lado de um ente querido que está doente e incapaz de se comunicar? O que acontece quando nos encontramos olhando para a tela do computador antes de organizarmos nossos pensamentos para escrever um e-mail importante? Como reagimos ao espaço que se abre dentro de nós quando perdemos nossa linha de raciocínio? Ou perdemos nosso animal de estimação tão querido? Ou quando nossos pais estão envelhecendo?
Muitas vezes, o espaço interno que percebemos é anunciado pela perda e depois ocupado pelo nervosismo, incerteza, raiva ou falta de confiança. Nós frequentemente respondemos ao desconforto com aversão. Mas podemos escolher uma visão diferente. Podemos liberar a energia que se prende à aversão e ver a perda como uma oportunidade – um portal para a abertura do ser. O primeiro refúgio é se conectar com o espaço ilimitado do ser. Conectar-se com o espaço do ser é também o primeiro passo para se expressar criativamente. Descobrimos o refúgio dentro de nós. Mas, se você fechar os olhos e olhar para dentro de si mesmo, muitas vezes tomará consciência das conversas internas ou do desconforto. Você se identifica com o desconforto porque ele é muito familiar. Assim, ao pensar “estou desconfortável”, ficará preso.