ESTUDO

O grande mestre indiano Nagarjuna disse que os ensinamentos budistas são sempre baseados em dois tipos de verdade: a verdade relativa e a verdade última. Se ninguém nos dissesse que existem dois tipos de verdade, provavelmente nunca pensaríamos que a vida poderia ser mais do que aparenta ser. Isso mostra o quanto é importante estudar as palavras do Buda e refletir sobre o seu significado. Mas não basta estudar e refletir – precisamos alcançar uma experiência direta e pessoal.

EXPERIÊNCIA

É com a experiência que a meditação se torna importante, pois somente através da experiência direta é que a liberação pode se tornar uma possibilidade real, e a meditação é a porta de entrada para a experiência. Portanto, a prática budista tem três aspectos: estudo, reflexão e meditação.

A meditação pode assumir muitas formas. Se nosso objetivo é compreender a verdade relativa e a verdade última, a nossa prática certamente não precisa estar confinada à nossa almofada de meditação. Há muitos métodos disponíveis para nós. Os métodos diferem amplamente e os resultados também tendem a diferir significativamente de pessoa para pessoa.

MEDITAR CONTEMPLANDO

Existe um método especial que beneficia a todos igualmente: reconhecer que nada dura muito tempo. Sem muita reflexão, sentimos que as coisas vão ficar mais ou menos as mesmas e que as pessoas ao nosso redor vão seguir existindo, mas esse não é o caso. Se pudermos, devemos tentar o máximo possível entender que as coisas de fato nunca são como parecem. Mesmo se a princípio isso parecer um pouco distante, ainda assim é muito bom refletirmos sobre a impermanência das coisas. Se dermos uma olhada rápida à nossa volta, será fácil comprovarmos a verdade da impermanência. Então, primeiro devemos reconhecer que as coisas não duram para sempre. A seguir, precisamos nos lembrar disso repetidas vezes até entendermos profundamente que tudo é impermanente e transitório. Essa é a verdadeira meditação budista.

Hoje em dia, muitas pessoas associam a meditação com sentar-se em uma almofada e sentir-se calmo e relaxado. Dessa forma, pode parecer um pouco estranho que refletir sobre a impermanência possa ser um tipo de meditação. Mas, em todas as tradições budistas, observar a natureza impermanente de todos os fenômenos é uma prática contemplativa importante.

O IMPACTO

O que acontece quando refletimos sobre a natureza impermanente de todas as coisas? O que acontece quando realmente levamos a sério o fato de que tudo o que gostamos, tudo o que consideramos importante e significativo vai ser perdido? O que acontece quando entendemos que, por mais que cuidemos bem de nós mesmos, uns dos outros, ou mesmo do resto do mundo, é apenas uma questão de tempo antes de termos de dizer adeus a tudo? Quando entendemos com clareza que a vida é assim, quando de fato assimilamos isso, então seremos dominados por uma profunda tristeza, a tristeza mais desoladora que já sentimos; porém, esse impacto é necessário.

A DÁDIVA DA TRISTEZA

O objetivo de refletir sobre a impermanência não é nos deixar tristes. Mas, sem a tristeza de saber que nada perdurará, nunca chegaremos a nenhum lugar no nosso caminho. A tristeza faz com que nos seja possível alcançar algo muito mais precioso do que qualquer coisa possível de imaginar. Por isso devemos contemplar a impermanência. Se não houvesse nada para alcançarmos, seria tolice pensar nessas coisas – estaríamos apenas nos entristecendo sem motivo algum. Mas há um profundo significado nisso tudo. Quando começamos a entender como o mundo realmente é e, por consequência, somos atingidos por uma tristeza avassaladora, o próximo passo surge naturalmente. Chegamos à conclusão lógica de que todas as coisas são impermanentes e começamos a treinar em desprendimento.

Trechos de livros

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