A natureza convencional de nossa mente
Trecho do livro Mahamudra (clique aqui para comprar)
Em geral, meditamos na imagem de Buda, na respiração ou em outras coisas, mas na meditação mahamudra contemplamos nossa própria mente, nossa consciência. Então, o que é a mente? Quais são suas características?
Do ponto de vista budista, a consciência não tem características substanciais ou físicas. Não tem cor nem forma. Você poderia dizer que a mente é como o espaço. Tem uma natureza límpida e clara, uma natureza clara e leve. Em tibetano, chamamos isso de selshing rigpa. Sel significa “claro”, rigpa significa “ver”, “saber”. Exatamente como disse o Panchen Lama, que a consciência é “aquilo que é claro e sabedor”. Essa claridade é sua natureza relativa e convencional.
A consciência percebe a realidade como um espelho: por reflexão. Mas se o espelho não está limpo, se estiver empoeirado, digamos, não poderá refletir com precisão, certo? Uma mente embaçada também não pode refletir a realidade com precisão.
Todavia, até mesmo os nossos conceitos dualistas, nossos pensamentos deludidos, como o desejo e o ódio, têm essa claridade. É por isso que podem, até certo ponto, perceber suas projeções; porque têm a capacidade de refletir seu próprio objeto: o objeto de desejo, o objeto de ódio. Um bom exemplo é a água em ebulição: é turbulenta, mas mantém ainda a natureza clara da água enquanto parada. Dá-se o mesmo no caso de nossos conceitos dualistas: são também essencialmente claros por natureza.